domingo, 11 de julho de 2010

Sessão de Hemodiálise 427

Ainda adolescente, já tinha plena convicção da profissão que iria seguir. Desde criança, sempre gostei de escrever, e isso me ajudou bastante a enfrentar as barras que atravessei, funcionando como válvula de escape. Até hoje guardo as minhas “crônicas” sobre internações, operações, reflexões. Qualquer guardanapo, pedacinho de papel ou mesmo a palma da mão valia – vale – para anotar um pensamento fugidio, uma ideia para um conto, flagrantes do cotidiano. Considero uma grande sorte que uma de minhas paixões – a palavra escrita – seja também o meu ganha-pão; e o melhor é que posso continuar a exercê-lo mesmo com as limitações impostas pela doença, tanto em casa como no hospital. O mesmo não aconteceria, por exemplo, se a minha vocação fosse voltada para a ciência, a música, ou os esportes. Se eu tiver alguma intercorrência médica, posso transportar o meu trabalho para qualquer parte, seja ele no papel ou no computador.

De todo o leque de possibilidades que a área da Comunicação oferece, escolhi me especializar em Produção Editorial, com ênfase em revisão e preparação de texto. Desde então, venho prestando serviços como freelancer (conforme comentei no post Sessão de Hemodiálise 422), inclusive como tradutor. E um dos grandes desafios de se trabalhar como autônomo são os prazos. Às vezes, tenho de trabalhar horas a fio, com o máximo de atenção e concentração, como esse tipo de serviço requer. E não se trata apenas de conferir e corrigir o texto, de fazer o cotejo: é necessário verificar também imagens, formatos específicos, padronizações, enfim, adequar todo o material às especificações do contratante.

Esse é um tipo de trabalho que, embora pareça “fácil” aos olhos de quem não é da área, exige muitíssimo de quem o executa, não só intelectual como fisicamente. Dores nas costas, enxaquecas, problemas de visão, LER (Lesão por Esforço Repetitivo) etc. são recorrentes entre os profissionais da minha área. No meu caso, então, que me orgulho de ser muito perfeccionista e exigente com a qualidade do meu serviço, e ainda sofro de Insuficiência Renal Crônica, a questão é ainda mais relevante. Por ser hipertenso, tenho que me policiar de tempos em tempos para descansar os olhos, pois já tive pequenos derrames nos globos oculares (adicionei fotos de 3 dos episódios) além de coceira e vermelhidão constantes, ocasionais pontadas no fundo do olho, dores de cabeça muito fortes e repuxamento na nuca.





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